Não há quem não se admire com a
incrível capacidade das formigas em carregar, em seus minúsculos e quase
invisíveis tentáculos, pesos mais de cem vezes maiores que o seu. Percorrem
longas distâncias transportando, enfileiradas, paus, folhas, insetos, o que
quer que possa ser-lhes útil e servir de alimento nas profundezas subterrâneas
dos enormes formigueiros. Observando o fluxo intenso de caminhões pesados pela
rodovia, me lembrei delas. Nas enormes carrocerias destas máquinas de ferro e
aço, transportamos pesos, também, infinitamente maiores que os nossos próprios,
em escalas e proporções, maiores mesmos, que os das pequeninas formigas,
principalmente, se levamos em conta, os imensos aviões e navios de carga, que
atravessam o mundo de uma ponta a outra, se é que tem pontas o mundo. E há
mesmo quem diga, que bastaria uma alavanca e um ponto de apoio, para deslocá-lo
de sua órbita. Diante disto, alguém poderia dizer, Ah, pois, então, veja como
as superamos e realizamos proezas ainda maiores. Penso que não há engano maior.
As pequenas o fazem com as forças próprias, sem recorrerem a motores ou
ferramentas. Sim, nós carregamos a tal inteligência criadora que nos
possibilita realizações que também impressionam. O que tem que se levar em
conta, é que, a depender dos recursos, o empenho e o trabalho hercúleo das
formigas, creio que, milhões de anos poderão se passar e o mundo permanecerá
vivo e saudável, girando em sua órbita própria, em uma infinita sucessão de
estações, já quanto a nós, o uso desenfreado da inteligência que nos permitiu
carregar pesos incalculáveis, também poderá levar o planeta inteiro a um estado
de devastação irreversível, onde sequer a vida das pequenas formigas será
possível. Aí sucumbiremos todos, sob o peso das ilusões que jogamos sobre os
ombros.
Marcos Vinicius.
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