Coisa impressionante é o estudo da
história. Entendiado, nestes tempos de
isolamento, venho vasculhando os seus velhos e os novos baús, na tentativa de
conhecer um pouco mais sobre os primeiros tempos de Belo Horizonte. Antes,
porém, fiz e refiz algumas leituras sobre o século XIX, este tumultuado e
dinâmico século, onde Beagá foi concebida e, finalmente, inaugurada em 1897.
Passei por alguns romances de Dostoiévski e sua São Petersburgo e, mesmo que,
na distante Rússia, o século se abre diante de nós. Agora, releio o historiador
inglês, Eric Hobsbawm, e sua Era do Capital, sobre a história do mundo, entre
os anos 1848 e 1875. O complexo xadrez do cenário mundial, mais uma vez se
mostra revelador e, detalhes que, a primeira vista, passam despercebidos,
sempre se apresentam em uma segunda leitura. De volta a Belo Horizonte, a
descoberta e o levantamento de um acervo fabuloso de fotografias antigas, traz
a cidade, em seus primeiros tempos, para um diálogo inédito, com seus cenários
de época, as vestimentas e os hábitos dos primeiros moradores, costumes
esquecidos, avenidas sendo abertas e prédios levantados, os bondes que já não
circulam, o verde que já foi devastado, os rios, hoje esgotos canalizados, que
corriam limpos, fartos, e em cachoeiras. As imagens em preto e branco nos
proporcionam um grande salto rumo ao passado. Como se não bastasse, encontro,
pelo caminho, um inesgotável arquivo de
jornais do país inteiro, inclusive, de Minas e Belo Horizonte, referentes ao
período. Aí foi que a aventura tornou-se, de vez, assombrosa e impactante.
Milhares de vozes saltaram dali, rompendo o longo silêncio do tempo, ansiosas
para contarem suas histórias há tanto tempo guardadas. Estou a ouví-las e é
surpreendente, além do que, não há tédio que resista.
Marcos Vinicius.
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