segunda-feira, 20 de julho de 2020

Labaredas



Fazia um calor abrasador, as placas de ferro derretiam-se em fornalhas e labaredas. Era tudo de um vermelho intenso e avassalador, escaldante. Dos abismos enfumaçados exalava o fedor do enxofre.  Ainda o vermelho. De fogo e sangue. Por detrás das caldeiras fumegantes, a besta, entre grunhidos, solta um hálito quente e fétido. Distraída, mal percebe quando se aproxima a fera, montada em seu cavalo morto. Fera, você por aqui? Sim, besta, afinal, nos encontraríamos uma hora, não é assim? E o que faremos nós, ó demônio das terras chamuscadas, dos paraísos carbonizados? Ora, que pergunta. Só mesmo uma besta. O que fazemos de melhor? Não é a morte? Isto, façamos, pois, uma pestezinha, afinal, juntos, dezenas de milhares são nada. Ela deverá contar-se aos milhões. Feito. Eu crio o princípio letal, você faz as oferendas em carnes, ossos e vidas. Juntos, festejaremos sobre as covas dos homens. Very well? Taoquei, porra.


Marcos Vinícius.

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