terça-feira, 30 de setembro de 2008

Estado de alerta


Estado de alerta.


Á nossa volta, sempre encontramos pessoas que defendem determinadas teses, idéias, posições, pontos de vista, com muita convicção, força e entusiasmo, o que pode ser, muitas das vezes, saudável e construtivo, pois muitas das vezes, as paixões renovadas, o discurso articulado, e a capacidade de convencimento e de arregimentação de apoios, podem em muitos casos contribuir para o bem comum, e até mesmo, para a salvação coletiva. Este potencial é praticamente um presente dado à natureza humana, a nós, seres gregários, históricos, sociais, que estamos sempre à cata de líderes, representantes das nossas causas, maiores ou menores, dependendo da ocasião. A atuação de alguns sujeitos da história é de fundamental importância, para grandes saltos de qualidade. São inúmeros os exemplos que poderíamos citar, seja na história universal, seja na nossa história local, regional ou doméstica. A história da humanidade está repleta de nomes que sempre representaram o desejo supremo da espécie de liberdade e redenção. Homens que sempre lutaram movidos por princípios éticos e abraçaram a causa dos povos, da própria humanidade, enfim... São sujeitos ativos, encontrados em todos os locais, em todas as épocas, assumindo a missão de porta-vozes das maiorias, ou das minorias, não importa agora, ao certo. Personagens que arrastaram muitos outros, no vigor dos seus argumentos, na trilha das suas idéias ou ideais. Porém, entre as lideranças humanas, sempre há aqueles que de fato estão convencidos que podem dar a sua contribuição para o aprimoramento da nossa espécie, e muitas vezes, entregam a vida, às causas que defendem, mas também há, um número considerável de líderes, que utilizam o seu potencial mobilizador exclusivamente para causas mais mesquinhas. Indivíduos que, ao se apropriarem de um discurso supostamente democrático, justo e humano, o fazem, com um propósito contrário. Utilizam-se do potencial mobilizador para massagearem o ego, subtrairem vantagens e acumularem poder. Esses seres, muitas das vezes, se misturam entre os outros e se disfarçam com muita facilidade, principalmente, quando no meio de um público pouco crítico ou observador. São geralmente, pessoas influentes, cercadas de apoiadores, discípulos, simpatizantes, correligionários, e que praticam com desenvoltura o mimetismo político. Suas convicções facilmente se cedem à satisfação de pequenos desejos pessoais ou interesses econômicos. Mantém o discurso afinado, atento às demandas e anseios de suas bases, mas tem como fim último, não a realização do que prega, mas as exigências do umbigo. Se pararmos para observar, veremos que sempre os encontraremos entre nós; cheios de boas intenções, falantes, convincentes, parecem mesmo sinceros, e dignos de grandes verdades. Tem sempre uma boa causa a defender. É um tipo em proliferação e que seqüestra esperanças, mas é praga de todos os tempos, e praticamente inevitável. É necessário identificá-los, apesar de parecer difícil, pois geralmente são ótimos atores, mas abusam de nossa boa vontade, e nos ludibriam, pois é a condição mesma, de sua sobrevivência. Existem diversas formas de desmascararmos o farsante, vai depender muito da nossa capacidade de observação e discernimento, ou até mesmo da nossa intuição ou criatividade. Mas na falta de opções, um bom caminho, para que evitemos o engano maior, é estarmos sempre atentos às suas contradições. Por melhor que disfarcem, a força das contradições é sempre muito reveladora. A mentira prolongada e persistente sempre deixa escapar algumas de suas facetas.


É necessário observar cuidadosamente os passos e os discursos daqueles que tem a pretensão de nos representar. Mas se ainda é pouco, existe um momento em que sua fraqueza fica mais evidente: quando estão em jogo, seus interesses privados. Aqui todo alerta é pouco. Não há ideologia que possa contrariar interesses desta natureza, entre o tipo de indivíduo que é aqui tratado. Normalmente cedem fácil às pressões de seus desejos e ambições pessoais, e são exageradamente vaidosos. É necessário estarmos atentos, pois estão em todos os lugares.




Marcos Vinícius.

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