Os aviões de Wall Street
Não entendo coisa alguma de economia. Muito pela minha falta de esforço em tentar compreender sua ciência, muito pelo excesso de esforço das classes dirigentes ou dos que estão a seu serviço, em fazer com que ela seja, muitas das vezes, ininteligível. Não é qualquer cidadão que consegue folhear as páginas dos cadernos de economia e ler com facilidade e desenvoltura os artigos, e principalmente, as opiniões, os debates que ali se travam. Neste aspecto, não estou sozinho. As opiniões, como em qualquer outro assunto, ou polêmica relacionada ao mundo dos homens, são contraditórias, conflitantes, divergentes. Há um sem números de quadros, números, tabelas, gráficos, que deixa a maioria dos leitores estarrecidos, diante de um código, que à primeira vista, parece absolutamente indecifrável. Talvez, seja este, mais um dos motivos, pelos quais a maioria absoluta dos brasileiros, leitores de jornais, lêem praticamente apenas os cadernos esportivos. Muitas das vezes, as explicações mais dificultam do que facilitam a compreensão de determinados fenômenos da economia. E assim caminha a humanidade.
A crise recente, que se manifesta a partir de Wall Street, mesmo sendo difícil de ser compreendida, será certamente sentida, vivida pela maioria da população mundial que será chamada, mais uma vez, a pagar a conta. Isto é certo. Não saberia explicar esta crise, com o rigor técnico que a natureza complexa do sistema demanda. Mas este fenômeno me fez lembrar um golpe que vi sendo aplicado, pelo menos duas vezes, anos atrás. Golpe que fez, por sinal, uma infinidade de vítimas. Claro, que em proporções infimamente menores em relação à crise de Nova Iorque. O golpe começava com um jogo, que se não me trai a memória, chamava-se avião. Aqui em Belo Horizonte, começou com algumas poucas pessoas, e rapidamente, envolveu praticamente quase a cidade inteira; não havia quem não conhecesse alguém que tivesse entrado neste jogo, neste avião que mais parecia uma canoa furada. Funcionava assim: você pagava um valor x para quem te apresentasse ao esquema. Feito isto, você deveria encontrar mais dez vítimas, e cada uma deveria lhe pagar o mesmo valor x que você havia pago. Neste momento, você obtinha o seu montante, aumentado dez vezes. Um bom negócio. Cada um que pagou o valor x, teria que arrebanhar mais dez vítmas para que enfim, pudesse também usufruir do seu quinhão, do seu investimento. Aqueles que deram início ao jogo acabaram se dando bem, pois era uma novidade, e todos queriam se aproveitar, porém o crescimento do sistema, em escala geométrica, rapidamente envolveu uma população bastante considerável. Mas como garantir a partir daí, que todos lucrassem? Impossível. O sistema não se auto-sustentava, pois para cada ganhador, havia dez pagadores. E claro está que em um sistema assim é logicamente impossível que todos ganhem. Pelo contrário, a maioria esmagadora pagou o pato para uma minoria espertalhona que deu o sinal de partida. Muita gente ficou no prejuízo. E pouquíssimos, na verdade, se divertiram com o jogo.
Por algum motivo, a crise em Wall Street me lembrou este golpe. Só que em escala bem maior. A população agora, chamada para pagar a conta da farra das elites que controlam a economia mundial, é infinitamente maior que as vítimas do aviãozinho, e o montante envolvido é um valor, que nós, pobres mortais, não temos como mensurar. O preço a pagar será alto. A grande burguesia fez a festa e lucrou como nunca em toda a história, se empanturrou. A ressaca sofrerá grande parte da humanidade. Os estragos serão conhecidos no médio ou longo prazo. E este jogo, este avião que partiu de Wall Street terá certamente efeito mais nefasto que os aviões que recentemente vitimaram os americanos. O que fazer para que o mundo não se transforme num futuro próximo, em um gigantesco marco zero?
Marcos Vinícius.
Não entendo coisa alguma de economia. Muito pela minha falta de esforço em tentar compreender sua ciência, muito pelo excesso de esforço das classes dirigentes ou dos que estão a seu serviço, em fazer com que ela seja, muitas das vezes, ininteligível. Não é qualquer cidadão que consegue folhear as páginas dos cadernos de economia e ler com facilidade e desenvoltura os artigos, e principalmente, as opiniões, os debates que ali se travam. Neste aspecto, não estou sozinho. As opiniões, como em qualquer outro assunto, ou polêmica relacionada ao mundo dos homens, são contraditórias, conflitantes, divergentes. Há um sem números de quadros, números, tabelas, gráficos, que deixa a maioria dos leitores estarrecidos, diante de um código, que à primeira vista, parece absolutamente indecifrável. Talvez, seja este, mais um dos motivos, pelos quais a maioria absoluta dos brasileiros, leitores de jornais, lêem praticamente apenas os cadernos esportivos. Muitas das vezes, as explicações mais dificultam do que facilitam a compreensão de determinados fenômenos da economia. E assim caminha a humanidade.
Diante da mais recente crise do sistema capitalista global, os cadernos de economia tem vindo mais volumosos. O tempo gasto nos telejornais a tratar dos temas econômicos é também maior. Compreenderão os cidadãos do mundo o que se passa afinal com o sistema econômico que de certa forma, entrelaça todo o planeta e todos os povos? Compreenderão os africanos, os sul-americanos, os pobres do mundo, os pobres do sul, o que está a se passar de fato com o mundo, em seus fundamentos econômicos? Entenderemos nós, o que verdadeiramente medem os índices Nasdaq , Dow Jones, Bovespa e tantos outros? As flutuações do câmbio, as taxas dos mercados, a gritaria das Bolsas, o intuito dos planos, os discursos dos especialistas e tecnocratas? Entenderão os povos a língua desta nova entidade, o culto da nova divindade, o deus-mercado? Certamente, não. Estão a ver navios. É uma linguagem difícil de ser desvendada para a maioria da população mundial, que vive, digamos alijada, das benesses do capital. É uma fatalidade.
A crise recente, que se manifesta a partir de Wall Street, mesmo sendo difícil de ser compreendida, será certamente sentida, vivida pela maioria da população mundial que será chamada, mais uma vez, a pagar a conta. Isto é certo. Não saberia explicar esta crise, com o rigor técnico que a natureza complexa do sistema demanda. Mas este fenômeno me fez lembrar um golpe que vi sendo aplicado, pelo menos duas vezes, anos atrás. Golpe que fez, por sinal, uma infinidade de vítimas. Claro, que em proporções infimamente menores em relação à crise de Nova Iorque. O golpe começava com um jogo, que se não me trai a memória, chamava-se avião. Aqui em Belo Horizonte, começou com algumas poucas pessoas, e rapidamente, envolveu praticamente quase a cidade inteira; não havia quem não conhecesse alguém que tivesse entrado neste jogo, neste avião que mais parecia uma canoa furada. Funcionava assim: você pagava um valor x para quem te apresentasse ao esquema. Feito isto, você deveria encontrar mais dez vítimas, e cada uma deveria lhe pagar o mesmo valor x que você havia pago. Neste momento, você obtinha o seu montante, aumentado dez vezes. Um bom negócio. Cada um que pagou o valor x, teria que arrebanhar mais dez vítmas para que enfim, pudesse também usufruir do seu quinhão, do seu investimento. Aqueles que deram início ao jogo acabaram se dando bem, pois era uma novidade, e todos queriam se aproveitar, porém o crescimento do sistema, em escala geométrica, rapidamente envolveu uma população bastante considerável. Mas como garantir a partir daí, que todos lucrassem? Impossível. O sistema não se auto-sustentava, pois para cada ganhador, havia dez pagadores. E claro está que em um sistema assim é logicamente impossível que todos ganhem. Pelo contrário, a maioria esmagadora pagou o pato para uma minoria espertalhona que deu o sinal de partida. Muita gente ficou no prejuízo. E pouquíssimos, na verdade, se divertiram com o jogo.
Por algum motivo, a crise em Wall Street me lembrou este golpe. Só que em escala bem maior. A população agora, chamada para pagar a conta da farra das elites que controlam a economia mundial, é infinitamente maior que as vítimas do aviãozinho, e o montante envolvido é um valor, que nós, pobres mortais, não temos como mensurar. O preço a pagar será alto. A grande burguesia fez a festa e lucrou como nunca em toda a história, se empanturrou. A ressaca sofrerá grande parte da humanidade. Os estragos serão conhecidos no médio ou longo prazo. E este jogo, este avião que partiu de Wall Street terá certamente efeito mais nefasto que os aviões que recentemente vitimaram os americanos. O que fazer para que o mundo não se transforme num futuro próximo, em um gigantesco marco zero?
Marcos Vinícius.
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