O Estado brasileiro arrecada muito, mas gasta mal. A cultura da corrupção é algo tão arraigado em nosso país, que se tivéssemos como listar todos os corruptos e corruptores que por aqui já passaram, creio que teríamos uma lista quilométrica. Os valores dos prejuízos, advindos dos desvios são medidos em trilhões de reais, assim como também o são o valor dos calotes que as grandes empresas e os grandes capitalistas sonegam aos cofres públicos. A sensação é que há muito dinheiro, mas todo ele é dedicado à farra das nossas autoridades, sem qualquer contrapartida para o contribuinte, que se estrangula, dia após dia, para pagar uma infinidade de impostos e tarifas que lhe são cobradas.
O Estado brasileiro, desde a sua origem, sempre foi um instrumento que as elites utilizaram não apenas como um meio de extorquir e usurpar a população, mas para mantê-la sob completa submissão e controle. Enquanto convivemos com um modelo de educação e saúde extremamente precarizados, chuvas de bombas de gás lacrimogênio, cada uma delas custando praticamente o preço de um computador, são despejadas de helicópteros sobre a população, quando resolvem sair às ruas. O sistema fiscal e o sistema repressor, que atuam com elevadíssimo grau de sofisticação, parecem ser um dos poucos setores bem aparelhados do nosso modelo estatal, sistemas estes, diga-se de passagem, que beneficiam os ricos e penalizam as pobres, que são os que, de fato, pagam impostos e as grandes vítimas da violência policial.
É o momento de invertermos prioridades. Tem início em Belo Horizonte, o movimento pela tarifa zero, “TARIFA ZERO É MAIS”. São necessárias 95 mil assinaturas para o encaminhamento de um PROJETO DE LEI, de iniciativa POPULAR, para tramitação na CÂMARA DOS VEREADORES, que garante transporte sem tarifa e de qualidade para a população. O transporte público deve ser público de fato. A gestão da saúde, educação e do transporte público DEFINITIVAMENTE não devem adotar o modelo dos grandes negócios, pois fazem parte do kit básico, mínimo, dos direitos do cidadão. Não podemos permitir que permaneça como mercadoria, fonte de gordos lucros e espúrios negócios, o nosso sagrado direito de ir e vir.
Não é de hoje que avenidas são feitas e refeitas na cidade, obras são executadas e imediatamente destruídas, comprovadas sua inutilidade. Uma verdadeira indústria de viadutos se edificou em Belo Horizonte, que talvez, mereça o título de capital mundial dos viadutos. Alguém conhece alguma outra cidade onde se constroem tantos viadutos? E, no entanto, o trânsito continua parado, caótico, consumindo horas e horas de quem tem que se deslocar de um ponto a outro da cidade. Há quanto tempo é assim? Dentro do modelo atual há alguma perspectiva de se reverter este quadro? Não. As catracas são o grande símbolo da imobilidade de nossas cidades. Elas negam ao pobre, às classe populares, o direito de deslocarem-se livremente no espaço urbano. Além do mais, o preço das passagens é tão abusivo e a qualidade dos ônibus tão ruim, que o cidadão, muitas das vezes, se vê impelido a abandonar o transporte coletivo e fazer largo uso de seu automóvel particular, entupindo ainda mais as ruas e estrangulando de vez o trânsito já caduco. Não basta alargar avenidas, levantar e destruir viadutos, é necessário eliminar as catracas para se garantir um mínimo de mobilidade. Pelo direito à cidade, pelo direito de ir e vir, pela mobilidade urbana, por um mundo sem catracas, “TARIFA ZERO É MAIS”.
Marcos Vinícius.
Marcos Vinícius.
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