Já há alguns meses, estou
lendo uma das mais completas biografias de Hitler, do historiador alemão,
Joachim Fest, publicado em 1973. Ainda estou pelos anos de 1929, portanto,
faltando, ainda, alguns anos para que Hitler se transformasse no monstro que
hoje, todos conhecemos. O que tem me deixado um pouco impressionado é que, a
cada página, a dramática história da Alemanha na primeira metade do século XX,
me remete mais ao Brasil de 2020. O discurso do ódio na ordem do dia, a
mitificação de assassinos e corruptos contumazes, a idiotização da sociedade e
o forte apelo popular a fórmulas simplistas, grotescas e violentas, a
militarização da política e politização e ascensão ao poder de milícias
armadas, o combate ao pensamento das esquerdas e às agendas sociais e
humanitárias, o empoderamento de uma legião dos “sem noção”, que sem
compreender o que se passa a um palmo do nariz, vê-se como detentora de
verdades absolutas, a disseminação do fanatismo político de direita, a justiça
a serviço do engodo e da mentira, ataques brutais à ciência, à cultura e ao
conhecimento. Sequer cheguei à metade do livro, mas confesso que a leitura e o
Brasil tem me deixado assustado. Ainda é 1929 e não temos ainda os campos de
extermínio, as câmaras de gás e os crematórios. No Brasil de 2020, temos um
mandatário-mor, que afirma que os livros didáticos têm um excesso de coisas
escritas e que a solução para o país, seria matar, no mínimo, uns trinta mil. A
violência contra lideranças políticas, militantes, trabalhadores, homossexuais,
indígenas, pobres em geral, agrava-se a cada dia e o noticiário político já vai
se escrevendo a sangue. Para onde vamos, Brasil?
Marcos Vinícius.
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