Não sou dos que defendem a
abertura de processo de impeachment
contra a presidente Dilma, pelo menos, enquanto não se encontre qualquer
procedimento que a vincule diretamente aos esquemas de falcatruas. Por mais que
o governo de plantão cometa estelionato eleitoral, prometendo uma coisa e
fazendo outra, não acho que trocar de presidentes possa ser algo tão banal, e
até onde sei, a mandatária, além de toda gritaria midiática, ainda não teve,
quer queiramos ou não, seu nome atrelado a qualquer uma das grandes linhas de
investigação dos esquemas de corrupção no país. Até que se prove o contrário, a
presidente tem todo o direito de prosseguir em seu mandato, não só por ela
mesma, mas também em respeito aos milhões de votos que lhe foram dados no
último pleito, e ao contrário do que muitos imaginam, não apenas pelos
nordestinos, mas em cada cidade deste país. Afora isto, as perspectivas são
mesmo desalentadoras, nos mais variados aspectos, somos um povo, praticamente,
sem perspectivas econômicas, distributivas ou políticas, não apenas pela
conjuntura internacional, que não deixa de ter sua relevância, mas também, pela
nossa incompetência cívica em possibilitar alternativas, haja vista, o
Congresso Nacional que acabamos de eleger, um dos mais reacionários e corruptos
de nossa depauperada história. Diante da falta de quadros ou sonhos, sugiro
então, que criemos já a partir do último ano do governo Dilma, uma grande
campanha, pelo Brasil afora, “Fica Mujica”, um apelo que faremos de povo para
povo, um pedido de empréstimo, dos brasileiros para os uruguaios, que nos
empreste o seu ex-presidente. Afinal, não apenas somos hermanos
latino-americanos, como vizinhos fronteiriços. Quem sabe, como nunca se viu na
história deste país, poderíamos usufruir de um presidente, mesmo que não
originariamente nosso, mas que pudesse afirmar, após encerrar um período de
dois mandatos consecutivos, sem qualquer constrangimento, como o
fez em 29 de Agosto, em São Bernardo do Campo, “Não podemos mudar o mundo, mas
podemos mudar a nós mesmos. Se começamos a mudar, sobretudo os que estão nos
partidos, se entende que num partido não se ganha dinheiro, não se deve
enriquecer.” Mujica não acumulou fortuna, faz doações de parte de seu salário,
fez avançar pautas progressistas e sua vida simplória conquistou a simpatia do
mundo inteiro. Lançada então, a campanha, Mujica, presidente do Brasil.
Marcos Vinícius.
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