Chimpanzés da vida
É impressionante como a cada dia, os cientistas e pesquisadores vão descobrindo o quão próximos de nós, estão os chimpanzés. Ficamos cada vez mais convencidos, que se quisermos de fato, conhecer mais profundamente as nossas mais remotas origens, temos que prestar bastante atenção nestes nossos tão próximos parentes. Não é de hoje que o potencial cerebral, a inteligência e as habilidades dos chimpanzés vêm sendo testados e surpreendendo pesquisadores e curiosos pelo mundo inteiro. Muitos mesmo já chegaram a adotá-los como se mais um membro da família fosse. Os humanos já colocaram os pobres bichinhos a realizarem todos os tipos de façanhas, para que fossem conhecidos, experimentados, adestrados. Nos institutos de pesquisa, nos centros de estudo, nos circos e nos zoológicos, os chimpanzés proporcionam espanto e curiosidade aos perplexos olhos dos homens. Há décadas sua capacidade de raciocínio, de memorização, de organização e de realização de operações complexas foi já desvendada pelas pesquisas. Dentro do aparentemente infinito reino animal, não existe ser ou espécie que nos seja mais próxima. É fato.
Uma das descobertas mais recentes e intrigantes que mais ainda os aproximaram de nós, foi a constatação feita há alguns anos por estudiosos, cujos nomes não me recordo, que observaram durante meses os chimpanzés em seu habitat natural. Puderam observar uma cena que muito mudou a forma de compreendê-los. Uma mãe chimpanzé paciente e dedicada dando uma lição para a filha sobre como quebrar um vegetal de casca dura, utilizando as raízes de uma árvore como bigorna, e uma pedra como um machadinho. Interessante observar o processo. Inicialmente, a mãe explicava à filha, atenta, como realizar a operação. Em seguida, passa a ela a responsabilidade por fazê-lo. Após várias tentativas frustradas e mais uma intervenção da mãe, a criança aprendiz, finalmente, acerta a lição. Um grande salto de qualidade, tanto do ponto de vista daquele núcleo familiar, onde pode se verificar, inclusive, a presença de método, um processo ensino-aprendizagem, práticas de preparação para o trabalho e para a vida, quanto para entendermos um pouco mais sobre a natureza deles e a nossa própria.
Há uma espécie de chimpanzés, que como os humanos, copulam de frente, um a observar o outro, com os olhos nos olhos, como não vimos ainda outras espécies fazerem. Edgard Morin, em "O Enigma do Homem", afirma que este contato frente a frente entre os sapiens, a troca de olhares e feições, durante o ato sexual, ao longo de milhares de anos, teve responsabilidade não só sobre a formação dos caracteres femininos, como a sensualidade da boca, da nuca, a maciez ou aveludado da pele, o olhar sedutor, como acabou por criar laços de afetividade que possibilitaram o desenvolvimento de uma estrutura familiar e a formação de uma sociedade cada vez mais complexa. Há quem defenda que passem os chimpanzés, a pertencerem ao gênero Homo, dadas nossas proximidades genéticas. Justo.
Nova perplexidade nos traz agora, as mais recentes descobertas realizadas pelo grupo da venezuelana Cristina Gomes, do Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva, em Leipzig, Alemanha: fêmeas chimpanzés com dificuldade para conseguirem alimento, acabam se prostituindo por carne. Errou quem imaginava que fosse a prostituição uma instituição tipicamente humana ou recente em nossa história. Segundo o jornal Folha de São Paulo, de hoje, dia 08/04/2009, “a descoberta favorece a hipótese de que essa tendência também existia em sociedades humanas primitivas. Segundo os antropólogos, a troca de carnes por sexo fazia com que os melhores caçadores tivessem mais parceiras.” Impressionantes descobertas, e nunca mais serão os mesmos, os chimpanzés e os homens. Mas não entendem os chimpanzés o que é vender-se por dinheiro ou a alma ao diabo. Não sabem os homens o quanto de antiguidade carregam nas palavras, ao dizerem que “vão à caça”, quando, de fato, estão à procura de mulheres.
Marcos Vinícius.
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