domingo, 10 de novembro de 2019

No espelho




Um dos mais antigos ditos populares, de natureza universal, e de caráter, fundamentalmente, educativo e pedagógico, que a sabedoria milenar já consagrou, "sujou, limpou", por aqui, no Brasil de 2019, não tem a menor valia ou sentido, e disso, já temos mostras diárias, mas a imundície que se espalhou por nossos paradisíacos litorais, o óleo derramado, somado à total ausência de qualquer iniciativa dos poderes constituídos, seja para a adoção de políticas mínimas de redução de danos, seja para a identificação dos responsáveis pela tragédia e cobrança de ações emergenciais de despoluição, afora o discurso oficial, dominante e exclusivo, de que o vazamento é obra de uma conspiração venezuelana, são demonstrações espetaculares e tenebrosas, de como o povo brasileiro migrou do já conhecido sono profundo, para as profundezas dos piores dos pesadelos. No Brasil da nova era, somos milhões de perfis fakes, fantasmagóricos e raivosos, prostrados à frente de um grande espelho, fazendo chacotas e simulando tiros e assassínios, em nós mesmos. O gigante desacordou.


Marcos Vinícius.

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