Há quem diga que o século XXI e o
Terceiro Milênio só se iniciaram de fato, do ponto de vista dos tempos
históricos, com os ataques à Nova York em 2001. Sim, quando as explosões e as
mortes ocorreram em solo americano, o mundo assistiu estupefato ao que poderíamos
chamar de sinal dos novos tempos. Todos ficaram surpresos, atônitos, com um
ataque que, gostemos ou não, foi espetacular. Não há quem se esqueça daquelas
trágicas imagens. Sim, uma nova era se descortinava. Outra vez, a história nos
pega de surpresa. Quem poderia imaginar, até bem pouco tempo atrás, que as
massas se levantariam, como vem ocorrendo em todo o planeta? Milhões de homens
e mulheres ocupando ruas, avenidas, praças e palácios, manifestando-se contra
os desmandos dos poderes, lutando contra a opressão imposta pelos paladinos da
chamada democracia, que mais não é que um desgastado jogo de cena. O modelo
econômico que hoje nos rege levou suas contradições intrínsecas à radicalidade.
O mundo nunca foi tão injusto e tão desigual. O fosso entre os de cima e os de
baixo nunca foi tão profundo e as diferenças nunca foram tão colossais. Os
chamados noventa e nove por cento resolveram gritar, o povo indignou-se, o
gigante acordou. O sistema, ao levar suas contradições aos extremos,
escancarou-se. O rei ficou nu. As mídias digitais, as novas tecnologias de
informação e comunicação, tornaram o mundo menor, mais auto-perceptível, com
fronteiras mais porosas, possibilitando não apenas a troca de informações, mas
também de ideias e sensações. Em todos os lugares, o povo se levantou. Nos
países árabes, em toda a Europa. Os estudantes chilenos quase reinventaram a
política, onde parecia não mais haver alternativas. O Brasil convulsionou-se.
Povos de todas as cores e nomes, num turbilhão de vozes e cantos em cada canto
do planeta. Trabalhadores, estudantes, desempregados, vítimas sociais,
Anonymus, Black Blocks, explorados e excluídos de toda ordem. E agora? Até a
pouco tempo atrás, imaginávamos, que caso houvesse uma revolução popular um
dia, esta teria à frente algum partido político, ou algo do gênero, mas hoje,
não é bem isto o que vem dizendo uma parcela significativa de jovens que ocupam
as ruas. Surge a ideia da horizontalidade. Referências à organização
partidária, muitas das vezes, podem ser alvo de hostilidades. O que fazer? Que
caminhos devemos trilhar para que o potencial e o sangue das ruas não seja
desperdiçado e que possam levar a humanidade à um salto de qualidade no sentido
da justiça social, distribuição de renda, uma
democracia real e à um mundo, como diriam os zapatistas, “onde caibam vários
outros mundos”? Se não quisermos desperdiçar esta grande oportunidade histórica, a grande
porta que se apresenta aberta, teremos que pensar seriamente nas formas de
organização e formação popular, mantermos viva a chama, para que tenhamos
motivos para celebrar, agora sim, uma triunfal entrada no Terceiro Milênio.
Marcos Vinícius.
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