Durante meses, frequentou o mesmo
restaurante. Era um estabelecimento grande, com um enorme número de mesas,
fregueses e opções de cardápio. Estava sempre cheio, a comida era saborosa e
tinha um dos preços mais módicos da região. Era também grande o número de
garçons, atendentes e caixas. Três jovens moças sorridentes faziam o
atendimento dos caixas, onde se formava uma fila única. Já há algum tempo,
observara que, por uma coincidência quase fora do comum, era sempre atendido
pela mesma moça. A fila andava e, quando chegava a sua vez, pimba, era ela,
mais uma vez, dia após dia. Numa ocasião, iniciou o atendimento com um sorriso
um pouco constrangedor. Provavelmente, também ela, já percebera esta
brincadeira da sorte e do destino. A partir daí, no dia seguinte, ao entregar o
cartão para a mocinha, o comentário foi inevitável. Ele disse: - Poxa, que
coisa, hein? Sempre no seu caixa, né? Ela esbanjou um largo sorriso de
confirmação, enrubesceu de imediato e disse: - É mesmo. Pensei nisto. E a fila
andou. No outro dia, após receber seu troco, já com um ar de cumplicidade, ele
sorri e diz para a moça: - Se eu fosse um pouco mais jovem, talvez fosse o caso
de pedir sua mão em casamento. Ela sorriu desconcertada, mais vermelha que no
dia anterior e fitou-lhe os olhos. Ele nunca mais voltaria ali.
Marcos Vinícius.
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