Se tivesse lido em algum lugar sobre o assunto, provavelmente, nem ousaria escrever sobre ele, talvez até me desse mesmo por satisfeito. Mas como não vi qualquer referência a tal coincidência, faço questão de citá-la. Quando ouvi falar pela primeira vez em Barack Obama, pensei de imediato, que esta candidatura não teria como vingar, independente de quem fosse o sujeito, pois, com um nome deste, que lembra o inimigo declarado número um dos EUA, Osama Bin Laden, o candidato não tivesse qualquer chance na disputa. Considerei que no imaginário popular, após o trauma do onze de setembro, e à condução política que se tem dado à chamada guerra ao terror, ser dono de um nome que além, de ser de origem africana, é um nome queniano, e tão parecido com o nome do terrorista saudita, fosse motivo para desqualificá-lo, de antemão, à corrida pela Casa Branca. Obama, que acabou sendo eleito, a partir de uma campanha que mobilizou e emocionou o país, tem ainda, o Hussein, que o aproxima também, nominalmente, de Saddam Hussein, que foi capturado e morto pelo governo dos EUA, após uma caçada impetuosa, que fez no Iraque todo o tipo de vítimas, de estudantes em universidades, a doentes em hospitais.
José Saramago, disse recentemente, que a era Bush inaugura também, a era da mentira. Bush fez da mentira escancarada o mote de seu desastroso e hoje, impopular, governo. Umas das principais razões da vitória de Obama, segundo analistas, são o descrédito e o repúdio popular à chamada doutrina Bush. O representante da extrema direita americana, testa de ferro da poderosa indústria de armamentos e das mega-indústrias petrolíferas, sai de cena, amargando um índice de impopularidade, praticamente inédito na história da América. Bush, e os conservadores do Partido Republicano, foram vítimas de suas próprias mentiras, uma ironia do destino. Os americanos, que elegeram e reelegeram Bush, fartaram-se de suas falácias, pois como sabemos, não se pode querer enganar a todos a todo o momento, eternamente. Bush atacou a liberdade individual tão vangloriada pelos americanos, com a sua “liberdade vigiada”, sombreando os tão propagados princípios do americanismo, o “americans life”, o liberalismo e a democracia; enfiou suas tropas num verdadeiro atoleiro militar que é o Iraque, que tem trazido mais lágrimas que vitórias aos seus concidadãos,além de ter o final de seu governo, marcado por uma das piores crises financeiras da história.
Os americanos talvez tenham descoberto que Bin Laden foi treinado e financiado durante vários anos, por agentes da CIA, quando a Casa Branca e o Pentágono, queriam expulsar os soviéticos do Afeganistão. Talvez os americanos tenham se cansado de esperar para ver, finalmente, as tais armas químicas e biológicas desenvolvidas pelo Iraque, no governo de Saddam. Talvez tenham se fartado da política do Grande Irmão, que a tudo e a todos pretende controlar, vigiar, da falta de privacidade em seus emails, e de uma polícia política cada vez mais intrusiva. Quem sabe, tenham se envergonhado, os autoproclamados herdeiros da polis democrática, das atrocidades que são cometidas em seus presídios pelo mundo afora? Quem sabe queiram se redimir das formas repugnantes e desumanizantes da violência que puderam ver simbolizadas nos presídios de Guantánamo e de Abu Ghraib, onde afegãos, sauditas, iraquianos, e povos de várias outras nacionalidades são humilhados pelas torturas mais degradantes e bizarras da história da humanidade? Sim, os americanos elegeram um presidente, de nome Barack Hussein Obama Júnior. Parece mentira.
Marcos Vinícius.
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