Sempre fora vocacionado para o
trabalho com as rodas, que estão sempre agarradas ao chão, estas, das carroças
aos automóveis, bicicletas, motos e caminhões. Sua linguagem eram os pneus,
volantes, guidons, eixos, aros, as rodovias. Porém, meteu-se à lida com os
barcos, sem saber da força das ondas, da natureza dos ventos, correntes e
marés. Ignorou os mapas das estrelas, recusou-se à leitura dos céus e à arte
dos remos. Atreveu-se, no entanto, obstinado, ao comando das embarcações.
Natural que se afogasse. Perverso foi arrastar para as profundezas uma multidão
de inocentes, a tripulação inteira.
Marcos Vinícius.